segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Demónio “perdoa”…

… não é como o Falcao. O incógnito… ou ignorância minha, John Erick Dowdle assina este Devil, regressando às salas, segundo apurei, após a realização de Quarentine, um remake… abrindo mais um parêntesis: que curiosa é a moda do cinema americano reconverter obras estrangeiras, em voga sobretudo no campo do terror, onde, ao que aparenta, realizadores americanos vasculham minuciosamente os caixotes filmográficos orientais (japoneses…), em busca da mais recôndita pérola. Certamente não virá qualquer mal ao mundo se destas práticas tiverem “origem”, mais segunda vida que outra coisa, filmes interessantes. Contudo, e mesmo não tendo opinião formada sobre esta matéria, parece-me lamentável que o mercado português não esteja receptível à diversificação, que não exista um verdadeiro leque de alternativas ao previsível… talvez as versões originais chegassem a algumas salas… fechando parêntesis, – … escrevia que Dowdle refez o badalado REC. Por mais badalado que tenha sido, para mim é igual ao litro, pois não vi qualquer desses “dois” filmes, tão pouco sou grande aficionado de filmes desta categoria (terror). Parece-me que existem demasiados, hoje em dia, tantas e tão más obras de suposto terror que a exigência de produzir algo bom há muito se perdeu. Aliás, qual terror qual quê… a fórmula actual é a do estropiamento, do gore extremo (ou simples lavasquice, porcaria… depende das opiniões), como se tivesse grande interesse a repetitiva visualização de invariáveis grupos de adolescentes acéfalos cortados às postas por um maníaco saído de uma qualquer ala psiquiátrica. Antes ver e rever as maluquices do Burton & Deep em Sweeney Todd ou Sleepy Hollow, mesmo burlescos, são filmes que têm ambientes condicentes, dignos de terror “à séria”. Antes a reposição dos Aliens, nunca o Sci-Fi foi tão horripilante! Ou o medo invisível de Shyamalan…  

… falando no diabo, é da mente meio indiana de M. Night que nasce a história de Devil, a primeira da dez (The) Night Chronicles – metragens baseadas em histórias de Night, ao que parece. Penso que são notórias algumas marcas do realizador, desde logo o confronto de um grupo de pessoas normais (pessoal do elevador, seguranças do edifício e polícias) a acontecimentos que ultrapassam a compreensão humana, passando pela gestão dos momentos críticos, a inexistência de efeitos espalhafatosos… Dowdle foi sensível e sensato. Não acredito que resultasse melhor com um diabo cornudo avermelhado a esventrar os enclausurados. Um filme com algum interesse, na minha opinião, não mais que isso. Um suficiente, suficiente + (sendo “mãos largas”), 2,5 a 3 numa escala de 0 a 5, qualquer coisa entre 11… 13, num máximo de 20, enfim, por aí. São assim as opiniões, múltiplas e pessoais – ah… e discutem-se, devem ser discutidas!, como é óbvio, ao contrário do que diz o povo.

Gostei da acção decorrer num número muito limitado de espaços, maioritariamente no elevador. Proporciona uma experiência “nova” ao espectador, além de se adequar ao suspense. Gostei da sequência inicial, a cidade filmada numa perspectiva diferente, embora possa causar uma estranheza que quase roça o desconforto. O momento em que a velhota se reergue também foi muito engraçado, estando a sua figura desfocada, num falso segundo plano, vá.

Não fiquei grande adepto do final, sinceramente. O mauzão deveria ter avisado que poderiam conservar as suas vidas se assumissem e se sujeitassem ao que tramaram no passado. Certamente ninguém morreria. A situação poderia ter sido explorada mais aprofundadamente.
Prémio Xis-Dê para Ramirez, o típico imigrante mexicano com grande fervor religioso que encerra em si grande sabedoria mas que é troçado pelos americanos. “La reunión del Diablo!”   

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