terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sobre o Amor




Como amar?

            Escrever seriamente sobre o Amor é, não neguemos, tarefa complicada. Poderá não o parecer, considerando a banalização do tema amoroso, chapado em romances, poemas, músicas, filmes, enfim, gritado e repetido ao expoente da loucura, relembrando os saudosos Ornatos. Quem pensa desta forma, julgando encontrar o Amor à tona da água, provavelmente não pensou muito. Pensar dá trabalho, tal como amar.
            Ora, mesmo os sapientes gregos tripartiram o Amor, não nos admiremos então perante as possíveis sete biliões de definições presentes, cada cabeça sua sentença, recorrendo ao ditado – atenção aos ditados. Considero, desconsiderando a presunção, que se ama mal nos dias de hoje, em muitos casos. Por isso tanto sofrimento, excessivo, evitável. A representação do Amor surge atolada em areias movediças, como oásis imaginário num deserto, arrebatamento mágico. Ilusões. A ilusão da mítica cara-metade, alma gémea, de Aristófanes, continua a monte. Convenhamos, o príncipe encantado, pessoa prática, somente experimentou o sapatinho de cristal nas senhoras do seu reino, ignorando as restantes Cinderelas. A obsessão não é boa companhia. Muitos julgam ser possível ter e perder outro ser humano, qual reles mercadoria. Podemos falar de uma relação consentida, de sentimentos recíprocos (na medida do possível), desejada pelos amantes, outra coisa seria faltar à verdade, penso. Encarando e aceitando a verdade, a visão das coisas tende a ser mais clara. E claro, devo mencionar ainda, não uma ilusão mas sim um defeito, o egoísmo amoroso. Amo-te = Quero-te, porque me proporcionas prazer, felicidade, a mim; mas se não mantiveres uma relação comigo podes ir morrer longe. Amo-te… pausa, esperando como resposta um Também te amo.

            Amar de forma sensata, racional, desejando o bem do Outro, a sua felicidade, não a nossa – o Outro encarregar-se-á disso. Numa situação desejável.

            Regressando aos Ornatos, O Amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura. Faz algum sentido.

J

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sobre o natal


Qual o significado do natal?


            De forma simples, nascimento (navidad em castelhano). Se preferirmos Christmas, encontramos a sua origem em Christ's Mass, missa de Cristo. As palavras (etimologias) são quem melhor nos esclarecem acerca dos seus verdadeiros significados, portanto, quando duvidamos seriamente do que nos sai da boca, o melhor é pensar na coisa que desejamos palavrear e na palavra que estamos em vias de escolher. Falar correctamente é custoso, mas esclarecedor. Além de divertido.
            O natal, sendo tema antigo em debates e em dúvidas, é, penso que de modo consensual, a comemoração do aparecimento de Cristo enquanto figura corpórea, materializando-se o metafísico, mais do que a comemoração do seu nascimento, somente “necessário”. O nascimento em si dificilmente terá acontecido no dia 25 de Dezembro, salvo se algum pastor mais destemido decidiu levianamente passear com o rebanho arriscando uma broncopneumonia. Há quem aponte os finais de Setembro como a provável altura abençoada. O dia foi convenientemente escolhido pela Igreja, defendem, de forma a coincidir com uma comemoração pagã em torno do solstício. Os ortodoxos festejam o aparecimento da divindade em Janeiro, dia 7.
            Aliás, continuando o desmonte, ou lançando dúvidas, desconhece-se o local onde ocorreu o nascimento. Estábulo? Ignora-se também quantos reis magos visitaram o recém-nascido. Correcção, homens sábios e não reis. Melhor, não visitaram um recém-nascido mas sim uma criança. Enfim… maiores dúvidas não suscitarei, uma dissertação sobre a existência ou não-existência de Deus seria extensa, e certamente inconclusiva. Que tenha apenas presente o seguinte: o pensamento sobre o natal não deverá ignorar o seu significado, a sua necessária religiosidade – embora seja celebrado por não religiosos –, a menos que, ao invés de natal, o que na realidade desejamos passar a palavras é “dia em recebi isto e aquilo, ofereci tal, comi assim assado, na presença de fulano e beltrano”. Compreendo que fazer a passagem de que escrevo é difícil (erros e erros…), contudo, o compromisso com a verdade é imperativo. Se pretendermos algo mais profundo, basta associar a isto os bonitos valores da Igreja – instituição de grande importância –, necessários, sem a menor dúvida, ao ser humano e à sua vida em sociedade.
            Outras questões podemos colocar, as mesmas de sempre. A da caridade anual, a do consumo excessivo, a da hipocrisia familiar, a dos descarregos de consciência, e por adiante, no mesmo tom.

            O natal, para religiosos e não religiosos, sugere algo interessante, a ideia de um eventual renascimento, nosso, seres humanos.

… já agora, por curiosidade, a actual imagem do distribuidor de presentes, em farpelas vermelhas, não foi criada pela marca de refrigerantes, embora esta a tenha utilizado e difundido em várias campanhas publicitárias.

J

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Há dias assim...

Há dias destes. Em que acordamos e parece que tudo em que tocamos se estraga ou que tudo o que nos acontece não devia ter acontecido. A vida decorre, hoje uma coisa boa e amanhã uma má. O problema é quando os dias maus acabam por se repetir, over and over again... O que fazer? Esperar que o universo venha com uma resolução mágica de todos os problemas e aguardar que por UMA vez as coisas fiquem bem? Os dias correm mal, não é apenas um dia, estes vão-se repetindo sem eu puder fazer nada que o possa evitar. Pergunto-me, o que terei feito numa vida anterior para que isto aconteça agora?
Sabem que mais? Resta esperar por dias melhores com a esperança que isto faz tudo parte de um plano maior e que os meus dois sonhos vão mesmo acabar por se realizar, e se isso assim acontecer, ficarei contente e com a sensação de dever cumprido. Fiquem com a música da Filipa Azevedo na Eurovision, a letra é bonita e vale a pena ouvir :)



Até lá, continuo a não estar louco, mas quase a ficar.
Desejo que tudo vos esteja a correr bem...

Quote of the day

"Não sei por onde vou, Não sei para onde vou. - Sei que não vou por aí!"

Não sei o meu destino, não sei onde irei acabar, sei apenas que o caminho que me impõem não é o mais correcto e apenas vou por onde sinto que devo ir...


Não cometer os mesmos erros e sorrirem vez de chorar.

Até à próxima,
JB

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Funny thing about dreams...

Contaram-me agora que sonharam comigo, tínhamos ido ao cinema à sessão da meia-noite. O filme acabou tarde e quando saímos de lá, conta-me a "autora" do sonho, passámos imediatamente para outra zona de acontecimentos. Não acham engraçado, isto dos sonhos? Não nos lembramos como é que fomos parar a tal local/situação, apenas apercebemo-nos quando estamos lá...
Há algum tempo ouvi falar de uma teoria que defende a existência de "sonhos lúcidos". Basicamente, enquanto estamos a sonhar temos a plena consciência e sentimento tanto do sonho que estamos a viver como das percepções emocionais e sensoriais. Um dos autores pioneiros do assunto, Stephen LaBerge define-os como "sonhar e saber que estamos a sonhar". As pessoas que conseguem estas experiências contam que são momentos fantásticos, coloridos e animados. Muitos dizem também que mudaram a sua maneira de viver graças aos sonhos lúcidos.

Eu gostava de experimentar, e vocês? :)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O guarda-chuva amarelo

O amor. Há coisas que nunca mudam, haverá sempre o mistério e o encantamento quando falamos da área. Aquele amor "Romeu e Julieta" dos tempos áureos de Shakespeare, mas não só, aquele amor que coloriu telas e encheu ouvidos de notas musicais românticas. Será que existe o amor eterno? A resposta simples à equação mais complicada é uma busca que remete-nos para a eternidade.

Esta é a minha visão. O amor é como um ser vivo, não existe, nasce e cresce, moldando-se aos acontecimentos desenrolados que irão determinar a sua maneira de ser futura. Considero então que, é possível (e preferível, para mim) viver um amor que dure e que seja feliz, descurando os casamentos com interesses socio-económicos que hoje em dia ainda são observados em determinadas culturas.
Se vinham com a ideia de ler um texto animador sobre o amor e as relações, esqueçam. A minha experiência actual mostra que simplesmente esta é uma posição onde não sei jogar. Antigamente, brincava a pensar que a vida era bela, hoje em dia brinco à mesma, mas já penso melhor e a vida não é bem assim... Antigamente apaixonava-me por gostarem de mim, hoje se me apaixono entro numa espiral de destruição maciça que acaba obviamente com escuridão e momentos difíceis. Antigamente acreditava no amor verdadeiro, que cada um de nós tem algures uma pessoa destinada que irá encontrar mais cedo ou mais tarde. Por outras palavras, acreditava no destino. Hoje, já penso melhor, penso que temos mais controlo do que pensamos e que cada acção tem uma reacção. Apesar de tudo, o mais pequeno evento pode accionar uma cadeia de acontecimentos que muda tudo, mesmo que ao inicio não o consigamos ver. Pergunto-me: porque é que mudei a minha forma de pensar e acreditar nas coisas? É difícil quando perdemos pela primeira vez, é ainda mais difícil quando após tanta luta voltamos a perder outra vez e outra vez... Afinal, sou eu que estarei mal? O amor é como uma borboleta, esmagas se o segurares com muita força e dás-lhe liberdade se o segurares com cuidado. Porque é que não consigo encontrar o meio termo? Pergunto, mas não encontro resposta...

Acho que o mais engraçado no amor é que nunca sabemos como é que as coisas vão acabar por acontecer. Para mim, todas as relações necessitam de manutenção, pode ser um pequeno gesto ou simplesmente retomares o caminho que estavas a seguir, e o mais importante é que, se gostas dessa pessoa e realmente te preocupas com ela, os sacrifícios são fáceis de se fazer.

Para concluir, penso que as relações são inevitavelmente frágeis. Quanto ao meu caso, sou narcisista, pessimista, obsessivo, inseguro e tenho tanto medo de intimidade que cada uma das minhas relações é uma jornada de auto-destruição que acaba num buraco negro de expectativas e desespero estilhaçados. A maneira mais fácil de perder alguém é querer essa pessoa demasiado. É importante referir os amigos, todos nós conseguimos lidar com qualquer situação desde que tenhamos aquele grupo que sempre esteve connosco. Não consigo imaginar como seria se estivesse por minha conta.
No final de tudo, temos é de nos sentir orgulhosos pelas decisões que tomámos e dormir de consciência tranquila. Nunca, mas mesmo nunca, cair nos mesmos erros. É natural que nos preocupemos com o futuro, especialmente quando pensamos que os nossos sonhos (neste caso o de encontrar a pessoa certa) podem não se realizar. Quanto ao meu futuro, já cheguei aquele ponto em que já não procuro, porque no fundo sei que ela anda por aí e que se algum dia tiver de aparecer, aparecerá...
Até à próxima e continuem sãos, eu já dei o que tinha a dar...